segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O TRIBUNAL DE CRISTO

II Co 5.10; I Co 3.11-15

10 - Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.
11 - Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.
12 - E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,
13 - A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um.
14 - Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão.
15 - Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.

A Bíblia fala de pelo menos três julgamentos na Segunda Vinda de Cristo, que se dará em “duas fases”. A primeira, invisível, ou seja, somente para a sua Igreja (cf I Ts 4.13ss) e a segunda visível com os santos em glória (cf. Ap 19.11ss). Período entre a primeira e a segunda fase da Segunda Vinda do Senhor, cremos que será o período da Tribulação, também conhecida como a 70ª Semana de Daniel.

Os três julgamentos que ficam claros na Bíblia são:
1º O Tribunal de Cristo: onde somente a Igreja será julgada (as obras) – I Co 5.10;
2º O Julgamento das Nações (separação dos bodes das ovelhas) – Mt 25.31-46;
3º O Julgamento do Grande Trono Branco (todos os ímpios de todos os tempos serão julgados) – Ap 20 11-15.

Vou procurar me prender apenas no primeiro julgamento, que está focado para a Igreja, lembrando que este é o julgamento das obras, não a quantidade que foi realizada, mas sim, a qualidade delas.
Freqüentemente tenho observado em nossos cultos, mensagens, revelações e profecias para Igreja cobrando de alguns irmãos ou até mesmo de todos os da casa do Senhor uma realização de determinadas “tarefas” que o Senhor nos incumbiu de realizarmos.
Em dados momentos, nossos pregadores, usam a Palavra de Deus num sentido ameaçador como: “Ou você faz aquilo que o Senhor está te mandando, ou você irá pagar muito caro por isso”. Ameaças estas, que em muitos casos, dizem que Deus vai tirar um filho da pessoa, colocar a pessoa num leito de enfermidade e daí por diante.
Tenho minha posição quanto a tudo isso, com respaldo no Evangelho da Graça (Fp 2.3). Se a pessoa tem feito algo na casa de Deus por medo, opressão e ameaça teria algum valor esta obra para Deus? Creio que não! Deus espera de nós um espírito voluntário, o desejo de se doar (Fp 2.6-8). É certo que alguns irmãos se valem do que disse o apóstolo Paulo aos Corintos em sua primeira carta no capítulo 9 e versículo 16 quando pronunciou: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!” Para este versículo a Bíblia de Estudo DAKE traz o seguinte comentário – eu tenho motivo para me gloriar uma vez que anuncio o evangelho de graça – a Bíblia de Estudo APLICAÇÃO PESSOAL comenta – pregar as Boas Novas era o dom e a chamada de Paulo. E ele disse que não poderia parar de pregar ainda que quisesse. Paulo era levado pelo desejo de fazer a vontade de Deus, usando seus dons a Glória do Senhor. Que dons especiais Deus lhe deu? Você está motivado, como Paulo, a honrar a Deus com os seus dons?

O que deve motivar-me a ir em busca das almas perdidas? Seria o cachê que me foi oferecido? Seria o medo de Deus pesar a mão sobre alguém da minha família? Ou pesar a mão sobre mim, colocando-me num leito de enfermidade até que me arrependa e comece a realizar a obra do Senhor? Nada do que foi colocado em questão pode ser considerado uma motivação. Eu como servo do Senhor devo sentir em meu coração o desejo de ir pregar esta Palavra, levar esta preciosa semente, ainda que andando e chorando (Sl 126.6). Em nossas orações, devemos ouvir os gemidos das almas e somente o desejo de arrebatá-las das mãos de Satanás e trazê-las ao Senhor deve ser a nossa motivação.
Paulo, para comparar o valor das obras, fala de seis materiais conhecidos: ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno e palha. O pastor Antonio Gilberto, diga se de passagem, a maior autoridade teológica da atualidade, assim escreveu em seu livro Mensagens, Estudos e Explanações em I Coríntios – CPAD 2009:
São mencionados seis materiais no v.12. Ninguém precisa criar os significados desses materiais de trabalho do cristão no seu labor para Deus. Seus significados estão na Bíblia. Três desses materiais são bons; aprovados por Deus e são difíceis de adquirir. Os outros materiais restantes não servem para o obreiro cristão; não presta, mas mesmo assim, um número cada vez maior de crentes, a partir de obreiros estão usando-os. São “materiais” fácil de adquirir, e também são baratos. Com facilidade pode-se encher o depósito pessoal deles. 2 Timóteo 1.14 fala do “bom depósito”; ver também o v. 12; 1 Tm 6.20.

O ouro. Representa duas coisas na Bíblia. Primeiro, representa a glória de Deus. Comparar Êxodo 37.7 com Hebreus 9.5. Na primeira passagem, os querubins do Tabernáculo são “de ouro puro”. Na segunda passagem, que interpreta a primeira, os mesmos querubins são chamados “os querubins da glória”. O obreiro trabalhar com “ouro” é trabalhar somente para a glória de Deus, e de mais ninguém, em tudo o que fizer para Ele.
“Portanto, quer comais” quer bebais” ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31).
Deus já declarou que a sua glória Ele não dá a outrem (Is 42.8; 48.11). Como estamos glorificando a Deus no nosso serviço para Ele? Ou estamos apenas declarando isso, e tomando para nós a glória que só a Ele pertence? A qualquer momento Deus dará um basta nisso, e as conseqüências serão terríveis, pois só Ele é o único “Rei da Glória” (Sl 24.7-10). Trabalhar com “ouro” é fazer tudo exclusivamente para a glória de Deus. Ouro é caro; é custoso. Ouro suporta a prova do “fogo” citado no v.13.
Segundo, “ouro” na tipologia bíblica também representa a fé (1 Pe 1.7 “vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro”; Ap 3.18 “ouro provado no fogo para que te enriqueças”). A fé não somente é necessária em todo o tempo ao crente; ela é vital, essencial, imprescindível, porque “o justo viverá da fé” (Rm 1.17). A fé é o único predicado do crente denominado “santíssima” na Bíblia (Jd v. 20).
A glória da Igreja é ainda futura (Cl 3.4). Na vida presente, Deus nos dá graça, e na futura, sim, glória (Sl 84.11). Moisés, na sua inspirada oração revelou esta ordem, em Êxodo 33. Primeiro ele rogou a Deus: “rogo-te que agora me faças saber o teu caminho” (v.13). Depois ele orou, “rogo-te que me mostre a tua glória” (v.18).

A prata. Representa a salvação dos pecadores. A prata no resgate por expiação (Êx 30.11-16). Nas bases do Tabernáculo (Êx 38.27; 36.36). No resgate ou redenção dos primogênitos excedentes (Nm 18.15,16; 3.46,17). Também a prata no resgate cerimonial de votantes (Lv 27.3,4). O crente trabalhar com “prata” é empenhar-se prioritariamente e em todos os sentidos, na salvação dos perdidos, no retorno dos desviados e na missão de fazer discípulos como Jesus ordenou. A “prata” está figurada no emprego prioritário do nosso tempo, nossos talentos, nossas finanças, na salvação dos perdidos.
A prata é metal precioso e também cara e custosa. Ela, também como o ouro, é metal nobre, e também resiste a prova de fogo. O ourives sabe muito bem disso. É sábio espiritualmente, quem prioriza a salvação dos perdidos. É material aprovado por Deus no nosso desempenho do seu trabalho. Você sempre emprega a “prata”no trabalho que você desempenha na casa do Senhor?

Pedras preciosas. Este material é o terceiro mencionado no v. 12. É um material plural, como estamos vendo. Prosseguindo na tipologia bíblica, pedras preciosas representam a doutrina da Bíblia que são muitas. Comparar Êxodo 28.17-20; 39.10-14 com Salmos 119.105,130; Pv 6.23; 2 Pe 1.19. Os objetos “Urim e Tumim” no peitoral do sumo sarcedote, isto é, sobre o coração de Arão quando este entrasse diante do
Senhor (Êx 28.30; Lv 8.8). Urim equivale a luzes e Tumim, a perfeições. A versão Vulgata Latina traduz como Doutrina e Verdade.
As doutrinas da Palavra de Deus são luz do céu para ensinar, esclarecer, iluminar, guiar e nortear. A doutrina bíblica é um material de construção espiritual aprovado por Deus. As pedras preciosas luzem por si mesmas; umas mais, outras menos. Assim são as doutrinas da Bíblia. Este material é caro; ele também suporta o fogo do juízo divino (1 Co 3.13).

Madeira (v. 12). Madeira na simbologia bíblica representa a humanidade em geral. A madeira vive da terra, bem como tem limitada duração. Ver Salmos 1.3; Lucas 21.29; Mateus 3.10; Isaías 61.3. O crente trabalhar só com “madeira” é ele cuidar apenas do social, do secular, do terreno, do humano. Um evangelho tão somente social, não atinge a alma; ele reforma, mas não transforma no sentido de regeneração espiritual. É um evangelho apenas filantrópico. Ora, o evangelho completo, de nosso Senhor Jesus Cristo atinge também o social, mas em segundo plano. O mesmo Jesus que salvava os pecadores quando ministrou na terra, também socorria os aflitos, curava os enfermos, libertava os oprimidos e dava pão aos famintos. Em Cafarnaum, certa vez, a um paralitico conduzido numa cama, Jesus primeiramente lhe assegurou: “Filho os teus pecados estão perdoados”, mas a seguir o mesmo Jesus disse ao homem, “Levanta-te, toma o teu leito, e vai para a tua casa” (Mc 2.5,11). Madeira é relativamente barata; é de fácil aquisição, mas não suporta prova de fogo.
O crente como a “a vara da videira” serve bem para dar fruto, mas não serve bem como madeira. É só examinar in loco. Ler João 15.5 e Ezequiel 15.2,3.
Quem serve ao Senhor somente como” madeira” terá prejuízo no dia do tribunal de Cristo ( Co 3.13-15; 2 Co 5.10; Rm 14.10).
No Egito, em câmaras mortuárias e em ruínas de construções milenares (3 a 4 mil anos a.C.) os arqueólogos tem encontrado restos de madeira, mas tão combalida que não pode ser manipulada. A madeira, dependendo de certos fatores, resiste bem ao tempo, mas há um limite. Não é o caso do ouro, da prata e das pedras preciosas, que o tempo não afeta.

Feno (v.12). Feno é literalmente “capim seco”. É comida de animais (Dn 4.25). Representa a carnalidade, o mundanismo, a vaidade humana (1 Pe 1.24; Is 40.6). Feno é aquilo que, figuradamente, alimenta a natureza carnal do homem natural, bem como do crente carnal (1 Co 2.14). O feno é barato; consegue-se muito por uma quantidade irrisória, e até de graça. Feno não dura nada e não suporta qualquer prova, e muito menos de fogo (vv. 16,15).

Palha (v12). Haverá alguém tão insensato para construir com palha? Nos vegetais tipo gramíneas é a casca vazia; sem grão. A palha, pois, figura a hipocrisia religiosa; falsos ensinamentos; ritualismo vazio. É evangelho de fachada apenas (Sl 1.4; Mt cap. 23). Hipocrisia é pecado do espírito (o qual, às vezes é pior do que o pecado da carne).
A mulher adúltera, de João cap. 8, envolvida em pecados da carne, não foi alvo de “ais” de Jesus como os escribas e fariseus, de Mateus cap. 23, repletos de falsa santidade. Esses tiveram oito “ais” de Jesus.
Palha não custa nada; é oferecida de graça. Ela se incendeia com toda a facilidade. Palha não suporta qualquer prova que envolva combustão.

O EXAME DA EDIFICAÇÃO PELO DONO DA OBRA (V.13).
Chegou o dia da inspeção da obra realizada! Como foi a mão de obra da edificação? A planta da obra foi seguida à risca? “Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou” (Hb 8.5). Está chegando o dia da inspeção pelo Senhor, do trabalho de cada um! O construtor (o crente) está dentro do prédio que ele mesmo construiu (v.15b). O fogo (v. 13) é o julgamento divino. Atentar para as palavras de Apocalipse 1.14 “e os seus olhos como chama de fogo”. O “dia” (v.13) é o “dia de Cristo” (1 Co 1.8; Fp 1.6; 2.16); o dia do arrebatamento da igreja. Isso deve motivar cada crente a encher-se do santo temor de Deus. Ler Mateus 25.14-30.
O resultado do nosso trabalho feito para Deus, segundo o seu exame no “dia de Cristo” será recompensa ou perda de recompensa do trabalho. Isso nada tem a ver com a salvação, a qual é uma dádiva da graça de Deus pela fé em Cristo. Há muito trabalho por aí, feito como se fosse para Deus, que não passa de trabalho puramente humanista e secular, e não contara para aquele grande dia. “Compensa servir ao Senhor”, como bem diz o hino sacro. “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12).

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Sou servo de Jesus Cristo. Prego a Palavra de Deus, louvo o Santo nome d'Ele. Creio que foi para isso que Ele me chamou. Tenho procurado crescer na graça e no conhecimento, sou dependente da misericórdia d'Ele, mas sei que aquilo que eu posso fazer, certamente Deus não fará por mim.

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